terça-feira, 23 de junho de 2009

"Qual é a Tua Obra?" (Você já se perguntou?)



O livro é um convite à reflexão sobre questões como gestão, liderança e ética; desafios do ambiente corporativo, principalmente quando consideramos os aspectos dos relacionamentos, do comportamento das pessoas em relação às outras.

Apesar dos avanços tecnológicos e do fácil acesso às informações, que deveriam nos proporcionar melhorias na qualidade de vida, o mundo contemporâneo vem nos impondo um ritmo competitivo e, conseqüentemente, cada vez mais acelerado, numa busca frenética e interminável. Não sem razão, isso vem gerando sentimentos de angústia nas pessoas, levando-as a se questionar sobre o que estão fazendo com suas vidas, por que e qual o verdadeiro significado de tudo isso.

As incertezas geram uma sensação de vazio interior. Há uma grande crise permeando o conjunto da vida social em suas diversas áreas: trabalho, família, conflitos de gerações, papel da escola, etc. O momento é de transição e, como sempre ocorreu na história da humanidade, há um forte questionamento dos valores vigentes. O conceito materialista da aquisição, do consumo, do status social, que nos “escraviza” e torna-nos cada vez mais comprometidos com horas de trabalho, vem cedendo lugar a necessidade de um objetivo maior, do sentido de realização pelo desenvolvimento de uma obra que vai além do fardo que se carrega diariamente.

O autor resgata períodos da história para demonstrar brilhantemente a origem de certos comportamentos em relação ao trabalho e a associação deste como um castigo, um fardo ou uma provação. Partindo da formação da sociedade greco-romana, cujo crescimento e exuberância foram sustentados pelo trabalho escravo; passando pelo mundo medieval, onde a relação de escravidão foi substituída pela servidão e, por fim, o mundo capitalista europeu, caracterizado pela “exportação” do trabalho escravo para fora da Europa, na época colonialista. Nesse modelo, as colônias, assim como o Brasil, foram construídas sob a lógica da exploração do outro. Na seqüência, apresenta a visão da filosofia grega em relação ao trabalho, na qual a dignidade é definida como a capacidade de dedicar-se ao pensamento e não as obras manuais.

Esses períodos representam a base da sociedade ocidental, na qual a nobreza está em ser senhor e o servo deve ser sempre submisso. No Brasil, esses conceitos ainda são muito fortes, pois, o trabalho manual ainda é considerado como tarefa de inferiores.


O período de transição que ora atravessamos requer o resgate do senso de coletividade, de humildade, de ética e de respeito ao próximo. Reconhecer que nós somos uma obra inacabada e que só se completa no exercício da convivência com as outras pessoas. O aprendizado deve ser uma constante, afinal, não sabemos tudo e, por isso, dependemos de outras pessoas para o nosso desenvolvimento. Quando reconhecemos e admitimos nossas dúvidas, estamos nos permitindo evoluir, buscar novos conhecimentos, arriscar mais e vencer nossos limites através de acertos e de erros, os quais devem ser corrigidos e não punidos.
Na construção de nossos conceitos, valores e ideais, devemos sempre considerar o ambiente que nos cerca, extrair o máximo de informações e compreensão, pois, a única certeza que temos é de que o mundo e o outro existem além do que nossa vista alcança.
- Claudia Coutinho -

Nenhum comentário:

Postar um comentário