segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O Futuro do Trabalho

Esqueça os escritórios, os salários fixos e a aposentadoria. Em 2020, você trabalhará em casa, seu chefe terá menos de 30 anos e será uma mulher.


Admita: você também não gosta de trabalhar. Passar o dia inteiro sob luzes fluorescentes, tomando café ruim, sentado em uma cadeira desconfortável e usando um computador velho certamente não faz parte do sonho de infância de ninguém. Admita. E não se sinta culpado. Nossos ancestrais - que nem conheciam as torturas de um escritório - também não eram muito chegados a essa história de trabalho.

Para gregos e romanos, colocar a mão na massa era considerada tarefa das classes inferiores e escravos. Domenico de Masi, professor de Sociologia do Trabalho na Universidade La Sapienza de Roma e autor do livro O Ócio Criativo, que defende uma abordagem mais lúdica do trabalho, apontou um ponto de convergência em todas as religiões: em nenhuma delas se trabalha no Paraíso. "Tenha o Paraíso sido criado por Deus, tenha sido inventado pelos homens, se o trabalho fosse um valor positivo, no Paraíso se trabalharia", afirma. Ou seja, alguma coisa está errada, e não é de hoje.

Felizmente, nunca houve tantas ferramentas disponíveis para mudar o modo como trabalhamos e, consequentemente, como vivemos. E as transformações estão acontecendo. A crise despedaçou companhias gigantes tidas até então como modelos de administração. Em vez de grandes conglo-merados, o futuro será povoado de empresas menores reunidas em torno de projetos em comum. Os próximos anos também vão consolidar mudanças que vêm acontecendo há algum tempo: a bus-ca pela qualidade de vida, a preocupação com o meio ambiente, e a vontade de nos realizarmos como pessoas também em nossos trabalhos. "Falamos tanto em desperdício de recursos naturais e energia, mas e quanto ao desperdício de talentos?", diz o filósofo e ensaísta suíço Alain de Botton em seu novo livro The Pleasures and Sorrows of Works (Os prazeres e as dores do trabalho).


Para começar, esqueça essa história de emprego. Em dez anos, emprego será uma palavra cami-nhando para o desuso. O mundo estará mais veloz, interligado e com organizações diferentes das nossas. Novas tecnologias vão ampliar ainda mais a possibilidade de trabalhar ao redor do globo, em qualquer horário. Hierarquias flexíveis irão surgir para acompanhar o poder descentralizado das redes de produção. Será a era do trabalho freelance, colaborativo e, de certa forma, inseguro. Também será o tempo de mais conforto, cuidado com a natureza e criatividade.

A globalização e os avanços tecnológicos (alguns deles já estão disponíveis hoje) vão tornar tudo isso possível. E uma nova geração que vai chegar ao comando das empresas, com uma presença feminina cada vez maior, vai colocar em xeque antigos dogmas. Para que as empresas vão pedir nossa presença física durante oito horas por dia se podem nos contatar por videoconferência a qual-quer instante? Para que trabalhar com clientes ou fornecedores apenas do seu país se você pode negociar sem dificuldades com o mundo inteiro? Imagine as possibilidades e verá que o mercado de trabalho vai ser bem diferente em 2020. O emprego vai acabar. Vamos ter que nos adaptar. Mas o que vai surgir no lugar dele é mais racional, moderno e, se tudo der certo, mais prazeroso.

Fonte: Revista Galileu - julho/2008

O texto desperta o repensar sobre as metodologias e relacionamentos atuais. Não tenho dúvidas que o caminho será esse. Por resistência, muitas organizações perecerão, outras continuarão a existir, mas com um perfil totalmente diferente do que conhecemos hoje. Conseguir vantagens competitivas numa sociedade digital exige métodos, procedimentos e, principalmente, postura totalmente diferentes dos atualmente vigentes.



O tema me lembrou a Goldcorp, empresa canadense de mineração de ouro, cujo case foi tratado na obra "Wikinomics - Como a colaboração em massa pode mudar o seu negócio", de autoria de Don Tapscott e Anthony D. Williams, Ed. Nova Fronteira.
Com o esgotamento das reservas mineradoras, a organização quase chegou à falência. Na década de 90, Rob McEwen assumiu o cargo de CEO da empresa. Não bastasse os enormes problemas, o mesmo não era necessariamente um dos maiores conhecedores do ramo. Mas, por ironia, talvez essa tenha sido exatamente a característica que mudou os rumos dos negócios. À época, ele assistiu a uma palestra no Massachusetts Institute of Technology (MIT) sobre como o Linux surgiu, é mantido e atualizado. Na indústria da mineração, informações geológicas são os segredos mais importantes, estratégicos e bem guardados de uma companhia. Entretanto, McEwen ousou quebrar as regras e colocou todos os dados da companhia disponíveis no site da Goldcorp, e lançou um desafio para quem achasse os melhores métodos e as melhores reservas de ouro nas minas da empresa, oferecendo uma recompensa de US$ 575.000.
Em algumas semanas, uma quantidade imensa de idéias foi submetida, vinda de estudantes, consultores, matemáticos e militares. Profissionais das mais variadas especializações, utilizando recursos e ferramentas ainda não testados pela renomada equipe de geólogos da organização. Os ganhadores identificaram 110 possibilidades, 50% a mais do que os especialistas da própria companhia, alcançando a incrível quantia de 8 milhões de onças de ouro encontradas. A empresa passou de um valor de mercado de US$ 100 milhões para US$ 9 bilhões e estabeleceu uma das instalações mais inovadoras e lucrativas dessa indústria, ainda conservadora.




A grande lição que precisamos aprender é que "a empresa deve olhar para fora da sua organização para desenvolver novas idéias e definir sua direção estratégica."
Ou seja, tal qual a campanha da Apple há alguns anos: "Think Different!". É exatamente isso, precisamos pensar diferente.

Um grande abraço,
Claudia.

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