domingo, 2 de agosto de 2009

STOP a Destruição do Mundo



O patrimônio de uma sociedade, de uma nação é soberano e intransferível. Ele constitui um dos elos da grande corrente chamada Terra. Preservando o que é nosso estaremos assegurando o que é de todos. Não é uma questão de ideologia, de paixão ou de modismo. É uma questão de responsabilidade, compromisso e bom senso. Entretanto, para que os trabalhos nesse sentido logrem êxito, o primeiro passo é cuidar da saúde psíquico-emocional do indivíduo, cujas ações refletem diretamente na sociedade na qual está inserido.

Hoje gostaria de realizar um chamado à consciência e à ação, através do brilhante trabalho idealizado pela “Associação Stop a Destruição do Mundo”, fundada em Paris em 1992, pela psicanalista e escritora Cláudia Bernhardt de Souza Pacheco, que reuniu um grande grupo internacional de indivíduos e instituições dedicados à preservação da vida humana e da natureza. Conforme descrito no site http://www.stop.org.br/ , “a principal orientação científica e filosófica usada pela STOP é a do psicanalista, filósofo e cientista social, Norberto Keppe, criador do método da Psicanálise Integral ou Trilogia Analítica e autor de mais de 30 obras sobre a psico-sociopatologia. Seus objetivos são promover a conscientização em massa da causa psico-sociopatológica dos problemas da nossa era e fornecer mais ferramentas a quem queira trabalhar para sua solução. Não só brecar a destruição, mas melhorar a qualidade de vida dos seres humanos, da sociedade e do planeta como um todo.”

Conscientização

Imagine-se o leitor numa casa cheia de objetos jogados, muitas coisas em desordem, sujeira, peças quebradas e vazamentos, porém, na escuridão. Você não conseguirá ver bem o que existe dentro dela e poderá pensar que tudo está em ordem, sem maiores motivos de preocupação. Se a iluminarmos gradualmente, veremos, pouco a pouco, que a situação era pior do que parecia à primeira vista. Muito trabalho seria necessário até colocá-la em ordem. Assim é o nosso interior psicológico.

Outro exemplo: imaginem os senhores que estão no cinema assistindo a um filme qualquer - mas a imagem projetada está turva, sem foco. Poderemos ver figuras que se movimentam, algumas cores, mas sem nitidez; muito do filme será perdido.

Caberá a um técnico colocar lâmpadas adequadas no projetor e, gradualmente, regular o seu foco, até que a imagem passe a ser mais nítida na tela. Assim é o tratamento analítico: a consciência é a luz e o analista é o técnico.

A análise age de maneira semelhante à da lâmpada: ela tem a função de iluminar a nossa consciência, de clareá-la, para que possamos perceber melhor tudo o que nela existe. O analista é quem facilita esse processo.

Mas, se a visão for mais clara, veremos tudo com mais nitidez: tanto o que é bom, belo e verdadeiro, bem como os erros e problemas, tanto em nós, como nos outros, e na própria sociedade. Na Psicanálise Integral, o termo consciência não tem significado religioso, moral, não depende dos costumes e nem tem a conotação de conhecimento simplesmente.

Para Keppe: “Consciência é um fenômeno intermediário entre sentimento e intelecto, dependendo dos dois, para se fazer valer — do primeiro (o sentimento) como base e do segundo (o intelecto) como sua manifestação. Porém, ela constitui sempre a junção de ambos, para formar um terceiro, que já não é nem um e nem outro, mas a virtude dos dois em uma só ação tríplice, de poder e realização. A consciência constitui uma janela aberta entre o ser humano e a transcendência” (O Reino do Homem, Vo1.II, pág. 285, Norberto R. Keppe).

Segundo Keppe, a consciência é ligada à ética e o indivíduo consciente é, automaticamente, responsável, pois a percepção dos erros e do mal nos impede, também, automaticamente, para a correção dos mesmos.

Muitas pessoas têm medo da percepção de erros e problemas e tendem a “turvar” a própria consciência. Seria como colocar uma barreira na frente dos olhos, para não se enxergar o que não se quer ver. O que não gostamos de perceber, tentamos esquecer, INCONSCIENTIZAR (tirar do campo da consciência), pois cremos, invertidamente, que o não conscientizado não existe e não nos causa danos. Sentimos como se os problemas só existissem a partir do momento em que os admitimos.

Enquanto nós escondermos da consciência o que nos é desagradável, nós não vamos nos desagradar de nada.

Mas, se colocarmos uma barreira diante dos nossos olhos, também não veremos mais o que é bonito. É o que acontece com a nossa vida psíquica — acabamos por nos cegar para a beleza que existe na vida — isso porque, pela inveja, queremos deixar escurecer a luz de nossa consciência, que também nos mostra o que é falho.

A esse resultado chamamos de ALIENAÇÃO. O ser humano, por ter medo de ver os problemas que existem na sociedade e em si mesmo, acabou por se alienar totalmente, a ponto de a sociedade humana viver numa outra dimensão, que não é a verdadeira. Note que o problema não vem de um inconsciente recalcado, como sugeriu Freud, mas é o resultado da atitude de recalcar a consciência, ao que Keppe chama de INCONSCIENTIZAÇÃO (ou alienação).

Com essa descoberta, Keppe contradiz a teoria do inconsciente de Freud, que acreditava haver no psiquismo humano um depositário de impulsos sexuais de vida (Eros) e de morte e destruição (Tanatos). Keppe afirma que não existe um inconsciente, mas uma atitude de inconscientização, o que é muito diferente.

Muitos pensam: “longe dos olhos, longe do coração”, “quem não vê os problemas, não sofre”. Mas isso é um enorme engano.

Quanto melhor nossa visão, mais enxergaremos os erros que precisam ser corrigidos, e com isso tornaremos nossa vida cada vez melhor.

Um artista necessita ver muito bem — assim corrigirá todas as imperfeições de sua obra. O mesmo devemos fazer conosco e com a sociedade em que vivemos. Precisamos gostar de ver nossos problemas, assim poderemos corrigi-los e tornar nossa existência cada vez mais fácil e mais bonita. É necessário deixar a luz da consciência iluminar nosso campo de percepção, a fim de captarmos o que está doente e errado.

O grau de equilíbrio da pessoa é proporcional ao grau de consciência que ela aceita ter. O que acontece frequentemente é que o indivíduo, ao começar a ver melhor, invertidamente acredita que está ficando pior, pois está percebendo mais problemas ao seu redor e em si mesmo do que antes.

Por exemplo: o cliente que começa a se queixar de que a sua família não é tão boa e perfeita quanto imaginava — que seus filhos são preguiçosos e mal educados e a mulher fútil e alienada — certamente, através da análise começou a notar que ele próprio não era tão bom e tão produtivo quanto acreditava, e pode projetar em quem lhe é mais próximo as causas dos problemas que passou a perceber.

Sente-se mal, pois acredita que todos estão piorando, e não que está só percebendo que ele e sua família não são “tão” bons quanto pensava, e muito tem que ser melhorado. Porém, essa nova compreensão do mundo lhe é extremamente necessária para que comece a corrigir os males que, escondidos, colocam em risco a sua felicidade e a de todos.

Enquanto a pessoa não perder o pavor que tem da consciência (da luz), não conseguirá se desenvolver. Tentarei exemplificar: uma cliente, a quem chamarei de V.L., levava uma vida alienada e estagnada. Sempre trabalhara como empregada, em maus empregos: era infeliz, triste, angustiada. Ao iniciar sua Empresa Trilógica, onde todos os que trabalham são sócios proprietários e não têm patrões, automaticamente foi obrigada a usar mais sua consciência, passando rapidamente de uma posição dependente e atrasada a uma situação de lucidez e atividade. Foi somente assim que, tendo desenvolvido para melhor sua estrutura psíquica e adquirido mais consciência, pôde perceber que havia praticamente jogado fora sua vida, ficando tão alheia a tudo.

Sua reação foi negativa — chorava muito, ficou ansiosa e deprimida, pois só agora ela estava percebendo que a vida que levava era um desperdício — o que antes achava perfeitamente normal e certo, agora era razão para vergonha e arrependimento.

Note a inversão de V. L. — ela deveria ficar contente, pois agora estava tão melhor, tão mais equilibrada, que podia perceber seus enganos, o que antes não percebia.

Portanto, só haveria razão de contentamento de sua parte, e não de desespero, pois agora, sim, estava podendo realizar o que antes não podia.

O trabalho certo, com uma finalidade boa, bela e verdadeira, traz muita consciência de erros às pessoas, razão pela qual o ser humano trocou a realização pela alienação. Na língua inglesa, as palavras realização e realizar (realization; to realize) têm dois sentidos: o de entendimento total, compreensão, e o de realização, ação, sabiamente mostrando que somente quem realiza tem consciência (only those who realize, realize) e vice-versa.

"ABC da Trilogia Analitica", Claudia Pacheco

O criador nos abençoou com este maravilhoso Planeta. Que direito temos de destruí-lo e comprometer o equilíbrio e a evolução das gerações futuras? Será que nós, "criaturas civilizadas", estamos nos tornando insanos e não nos apercebemos?

Obrigada, amiga Luna, por apresentar-me ao maravilhoso trabalho da Associação.

Uma ótima semana a todos!
- Claudia Coutinho -

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