segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Cuide-se, por Soninha Francine

É muito gostoso ter alguém
para cuidar da gente. Mas
quem está sempre à mão
no fim é a gente mesmo.



Oh how I need/Someone to watch over me...” Já cantei muitas vezes esses versos. Há várias gravações da canção dos irmãos Gershwin, e uma das minhas favoritas é a do Chet Baker, com sua voz suave e triste. Não são raros os momentos na vida em que tudo o que eu quero é ter alguém (someone) para cuidar de mim (watch over me).

Nada muito complexo: que me faça um chocolate quente, massagem nos pés, deite minha cabeça no colo e não me deixe pensar nem mais um minuto em trabalho. Que fale se eu quiser ouvir; que se cale se perceber que eu preciso de silêncio. E o que é melhor: sem que eu peça, “simplesmente” adivinhando tudo.

E não é que às vezes acontece? Uma amiga, namorado ou uma das filhas resolve me dar um presente efêmero e incomparável – 15 ou 20 minutos de mimo, luxo, mordomia. “Deita aí, mãe, e põe o pé no meu colo.” Delícia!

Na falta de alguém que se disponha a essa gentileza, o jeito é se cuidar. Pagar uma massagista, pedir um chocolate em um lugar agradável, deitar um segundo ao ar livre e deixar o sol da manhã derreter os pensamentos ruins.

Impossível? Não há massagista, dinheiro, lugar agradável ou espaço ao ar livre por perto? Só o que eu posso dizer é... se vire! Na falta de um café parisiense, o boteco da esquina pode servir para agradáveis minutos consigo mesmo. Uma passada na banca de revistas, um cartão-postal escrito para um amigo distante (ou próximo!) junto com um café com leite podem proporcionar sensações tão reconfortantes quanto aquela cena de filme com que você sonhou.

Como sempre, não estou falando com vocês aí, estou escrevendo para ver se eu escuto! Incrível como tenho dificuldade de me conceder 5 minutos para recuperar as forças, arejar a cabeça, destravar as mandíbulas. Claro que essa não é a solução para minha vida tensa e desequilibrada, mas já é um começo. Dizer “agora não” para o resto do mundo e me alongar, saborear uma fruta, passear os olhos sobre as fotos de um lugar bonito em alguma parte do mundo desencadeiam um processo de atenção comigo que não vai me atrapalhar, ao contrário.

Alimentada e relaxada, posso de novo ficar atenta ao trabalho. Quando dói alguma parte do corpo, mal conseguimos nos concentrar em outra coisa e procuramos de algum modo aliviar a dor. Quando o desconforto é de outro tipo – tensão, ansiedade -, por que não buscar alívio imediato também? Não adianta pensar “daqui a dois meses terei férias”, ou “alguém precisa cuidar de mim”.

E, só para não virar fanática do auto-cuidado, é bom sempre reparar no outro e em seus desejos de carinho e atenção. Afinal, também podemos ser “someone to watch” over him, her, them...



Fonte: Revista Vida Simples, Edição 84 - outubro/2009

Ah!... hoje estou me sentindo assim, mas, enfim, uma boa leitura, acompanhada de boa música, faz milagres! ;D
Claudia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário