domingo, 13 de setembro de 2009

"The High Line", um magnífico Retrofit



Que a Revolução Tecnológica trouxe ganhos fabulosos à Ciência, à Medicina, às Artes, à Educação e à Gestão Organizacional, somente para citar alguns, é indiscutível. Entretanto, atribuo o maior ganho aos questionamentos originados na era digital, os quais vêm acarretando uma nova paisagem econômica e cultural, ao mesmo tempo em que desafia a nossa suposição básica sobre motivação e comportamento humano.

Muito se tem escrito sobre os efeitos da INTERNET na vida do ser humano. Os temas, sempre inesgotáveis, oscilam entre o isolamento do indivíduo à integração desses em comunidades com os mais diversos fins. Sobre estas últimas gostaria de chamar a atenção.


O trabalho de algumas dessas comunidades, que permite unir pessoas com idéias e interesses comuns em diversos pontos do planeta, tem gerado frutos memoráveis, viabilizados pelo exercício contínuo de valores como colaboração, solidariedade, compartilhamento, amor e respeito às pessoas e ao meio ambiente.


Estamos na era to “Retrofit”, em que o conceito de restauração vem sendo substituído pelo de revitalização. Restaurar é recuperar estruturas, mantendo-as fiéis ao estado original, sem agregar valores adicionais. Revitalizar, além de recuperar, pressupõe inovação, flexibilidade, energização, adaptação às necessidades e aos recursos ambientais.


O projeto da High Line é um ótimo exemplo de convergência desses conceitos. Antes de ser transformada, a ferrovia elevada, construída nos anos 30, que cruzava uma parte de Manhattan, em Nova York, estava em ruínas e quase foi demolida durante a administração do Prefeito de Nova York, Rudy Giuliani, não fosse a iniciativa de Joshua David Robert Hammond, um residente do bairro que, em 1999, criou a comunidade “Amigos da High Line” (http://www.thehighline.org/). Cansados de conviver com o espaço abandonado, os integrantes da comunidade começaram a discutir formas de reintegrá-lo ao espaço público. Em 2003 foi aberta uma competição para eleger o melhor projeto de revitalização do elevado e, em 2006, começaram as obras. Inspirado na La Promenade Plantée, de Paris, um jardim construído por onde antes passava uma linha de trem, também desativada, o projeto aproveitou o aspecto "selvagem" da vegetação que cresceu sozinha no local, desde que os trens pararam de operar na década de 80.


Somente em junho deste ano, 10 anos depois, o Parque foi inaugurado. Uma obra extraordinária não só pela estética e pelas alternativas de lazer oferecidas aos moradores e visitantes da região, mas, principalmente, pela força inerente ao ato da colaboração e persistência, como tão bem expressou David Hammond: “Dez anos para construir a High Line é prova do que os moradores de Nova York podem fazer quando sonham alto e trabalham juntos”.


Os trilhos, antes abandonados, foram reintegrados à paisagem em meio aos bancos e jardins que agora florescem...



Revitalizemos nossas relações, nossas emoções, nossas idéias, nossos trabalhos, nossos projetos; revitalizemos nossa visão do mundo. A internet é um excelente veículo quando "a intenção é usar o ambiente virtual para fazer mudanças efetivas no mundo real", conforme colocou Ricardo Joseph, idealizador do site Urbanias, um espaço na internet cujo objetivo é criar mobilizações para tratar de problemas da cidade de São Paulo e discutir propostas e soluções que melhorem o dia a dia de seus habitantes (http://www.urbanias.com.br/).
Uma ótima semana!

Claudia Coutinho.

2 comentários:

  1. Passando para desejar-lhe boas vindas e cumprimentá-la pelo excelente trabalho. Idéias conscientes e renovadoras compõem o seu estilo moderno e dinâmico.

    Odorei o post “the high line”, suas observações são pertinentes dentro desse contexto de convergência. Precisamos nos conscientizar de que o modo como a sociedade manipula as informações terão impacto sobre todos os aspectos da vida; na educação, cultura e relações sociais.

    Tenha uma ótima tarde, Claudia
    Beijos,
    Val...

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  2. Val,
    Que ótimo vê-la aqui. Seja bem-vinda!!!
    Olha, com relação ao exemplo da High Line, de fato, deixou-me encantada a mobilização e a persistência de uma comunidade que investiu durante 10 anos num objetivo comum. Hoje todos colhem os resultados.

    Temos tantas demandas neste País, por que não seguir o exemplo? Criatividade é o que não nos falta, mas pecamos pela falta de iniciativa e atitude. Onde as ações governamentais falham, as comunidades podem, e devem, chegar junto.

    Bjs.,
    Claudia.

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