quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Geisy: um case de sucesso viabilizado pela “cultura” nacional



Junte uma loura no estilo Carla Perez, no início do grupo “É o Tchan”,
um vestido minúsculo,
uma universidade sem grande brilhantismo,
e os recursos da internet (ou melhor, a subutilização desses pelos movimentos sociais).
Pronto, eis a fórmula do sucesso!

Cá para nós, nosso nível anda muito baixo. Penso no desperdício de energia e na cultura inútil que vem circulando na INTERNET (Jornais, Youtube e blogs), desde o incidente na Uniban. Um povo que não se escandaliza mais com mensalões, corrupções, assassinatos, etc., ironicamente, fica indignado e até faz manifestações pelo direito de Geisy usar um vestido curto, precisa rever seus valores. Deveríamos estar em constante vigília e nos mobilizar contra as peripécias no congresso, em minha opinião, muito mais imorais e escandalosas.

Dói-me, por exemplo, assistir tribos indígenas lutando e questionando os possíveis impactos que poderão ser acarretados com a implantação da Hidrelétrica de Belo Monte, uma obra grandiosa, que envolve a construção de um desvio no curso do Rio Xingu e pode custar até R$ 30 bilhões. O lado bom? Quando concluída, será a maior hidrelétrica puramente nacional, com capacidade de gerar 11.200 megawatts de energia, que corresponde a 10% da produção elétrica nacional atual. O lado ruim? A obra vai atingir cerca de 30 mil pessoas, entre dez terras indígenas e ribeirinhas.

“Para construir um desvio no Rio Xingu, as empreiteiras devem remover uma quantidade de terra semelhante ao volume do Canal do Panamá, que liga os oceanos Atlântico e Pacífico, uma das maiores obras de engenharia do século XX. Os estudos de impacto ambiental sugerem a necessidade de um monitoramento futuro para determinar como ficará a região da Volta Grande do Rio Xingu após a construção da hidrelétrica. Em uma obra em que todos os números são gigantescos é difícil imaginar que o impacto será pequeno”, conforme relata a reportagem da Revista Época, edição 599.

Não sou contra o desenvolvimento, mas temos que admitir que obras dessa dimensão necessitam transparência e debate público. Afinal, estamos falando do destino de muitas vidas e do patrimônio nacional. Enquanto isso, o país fica às voltas discutindo o caso Geisy, que já pousa em capa de revista e cujo “infortúnio” vai acabar lhe rendendo alguns trocados, graças à pobreza da nossa mídia e da cultura do nosso povo. Particularmente, prefiro a Bruna Surfistinha, é mais autêntica e disse logo a que veio. Por ironia, a moça foi matéria na seção “Personagem da Semana” da Revista Época, edição supracitada.

Para os que levantaram a bandeira de Geisy, temendo ser tachado de machistas, vale salientar que o contrário de machismo não é apologia à libertinagem, trajes minúsculos e provocações. O inverso de machismo é a valorização da mulher, cuja feminilidade deve ser elegantemente ressaltada e não explorada.
Esse tipo de barulho está mais para a década de 60. Êta atrazo!!!!!!!

Para finalizar, deixo vocês com o vídeo “Levante sua Voz”, que retrata a concentração dos meios de comunicação existentes no Brasil. No desenvolvimento da reportagem, é fácil entender porque as banalidades são tão ovacionadas na nossa “cultura”.

Um grande abraço,
Claudia.

Intervozes - Levante sua voz from Pedro Ekman on Vimeo.

2 comentários:

  1. Concordo plenamente.
    Universidade deveria ser um local de formação das pessoas que farão o futuro desse país, ao ver os estudantes da UNB, nus, exigindo que a universidade faça um protesto formal contra a UniBan ... me deu foi pena daquelas criaturas ... é aquela a cara do Brasil do futuro ? Não quero mais estar aqui quando eles forem os responsáveis pelo país. Dali sairão deputados, médicos, administradores, advogados ... não me surpreende o fato de que cada dia que passa os valores desse país são cada dia mais repugnantes. O que me surpreende é que ninguém aparece pra falar "acorda pessoal! ei! que tal nos perocuparmos com o realmente merece nossa atenção!"

    Enquanto os que "se acham" desse país estão fazendo mobilizações por motivos bestas ... e a imprensa dando todo o apoio e incentivo a essa babaquice ... os índios, que nem possuem diploma, cultura, orkuit, e-mail e nem celular que tira foto, estão lutando e impedindo que esse governo ridículo acabe com um pedaço imenso da floresta amazonica.


    "O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons."
    MLK

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  2. Muito bom o texto. Parabéns pela análise!

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